17 de jun. de 2010

cacos

Quando zoons invadem pupilas

Quando zoons invadem pupilas
dilatam e amplificam... Visões.
E os corações se desvanecem dia após dia-
onde tudo é quase incerto, extremo e perdido,
pré-ausências nos completam...
Divisam delicadezas dos devires dos vivos
e dos mortos. Configuro tamanhos mínimos pras
minhas expectativas, dilacerando vazios com quimeras.
Despisto a despedida. Amanhã não existe.

28 de mai. de 2010

14 de mai. de 2010

a gente tenta


a gente tenta
tantas vezes for preciso
do subúrbio aos terrritórios do mapa-múndi
parodiando nuvens - desabando chuvas-
dissolvendo poças d`águas com dissipar das pisadas
a gente tenta com pesares, choques, cortes e feridas.

( ( ( Na aderência das trincheiras ) ) )
aos looping certeiro das balas perdidas,
arrisca-se por qualquer causa que valha a pena,
como suores salpicados, temperados de tentação.

A gente tenta,
noutro estado de fogo cruzado, expirado o prazo,
sobe-se em árvores para colher os frutos dos claros-
com delitos e deleites de cheiros, deslizes líquidos,
a gente tenta - mas o dia alvoroça velhas realidades,
não sirvo mais para nudez e palpitações suspeitas.

A gente tenta,
no remanso com lábios-agrestes de chover recomeços,
de bem querer singelezas - e ir só em silêncio.

11 de mai. de 2010

depois da chuva


bipartido

Saio bipartido daqui, liberto em duplo, à revelia dos nadas e dos dissabores, das esperanças e das despedidas, ao rumo das ruínas e reformas das efemeridades.

Beira de restos, no fim do sim e no começo do não, cravo os dentes nas desiluisões que nos entram como invasoras de corpos. Como se soterram grãos na terra seca e dura - Assim mesmo, sou outro e sou alguém, loucuras inalienáveis.

Ao bailado descontinuo da diminuta morte me encontro. não posso abrir teus olhos, cafés envelhecem cedo sobre a desdits dura mesa, noites sem amanhecer, "insana é a sede de viver"

Ainda procuro sinais, sinas e brilhos perdidos. Evoco você nos meus sonhos, teus versos tento rever, uma conquista que anseio e espero com esperança, ver a claridade calma na tua face. Lugares dos halos. Agora sou saudade.

10 de mai. de 2010

bichos


gente

De súbito estar na mansidão, da contemplação ao êstase, me dá um tempo, espera o vento, o espírito sopra quieto, sinto-me quase perto, um pouco mais gente.

9 de mai. de 2010

pétalas


Risos e guizos

Risos e guizos não se aventuram por onde passo
me vejo a prazo no sulco do meu rosto adulterado
me excito entre tragos, anos e muitas doses dalgos.
Desembaraços relaxos com despreguiçares cravados

De onde estiver - mesmo sem ar contínuo, ao rugir dos antegozos
partilho desterro anônimos, manejo simultâeas serenidades
e sujidades, como o voar de vendavais - me vou.

E -ainda mais - "os velhos chegados" me aconselham:
-Vê de longe a vida
olha bem.
Entre o viver sem senso
sem nexo
com o além do áquem,
prefira o tudo bem.

paisagem


rio comigo

Rio comigo quando vejo folhas brincando de ventania
como despedida das águas da cachoeira mudando-se pro rios

comovo, por enquanto, com o nu dum olhar latejante
no sentido (mudo e brilhante) das íris, serena delicadeza.
antevisão da beleza

Me anuncio com a própria míngua. O olho do bicho
me encara do chão - até às minhas vistas, toca-me
a sua fragilidade. Costuro retalhos de eus, planto
segredos de senãos.
Olha o bicho - pisa nele...Não!

insetos


tem anos que são os últimos

tem dias que chove muito
tem anos que são os últimos,
daqui frases imperfeitas desnudam,
não entram numas comigo,
no estribilho da dúvida
despeço a dor única
e que o eterno dure incógnito.


Ao som dos estampidos infecundos:
(longínquo em sonoridade sutil)
traduz-se um resto de grito meu
que chega em silêncio num outro eu


com a intenção de abrir percepções nuas,
onde atua o ofício dos sacrifícios, sendas
e transcendências.


Mas arruaço com o ego rasurado, provoco
à meia ou nenhuma luz tentações bruscas.
Embaço duro na ótica subjetiva. Trapaceio
o labirinto, mas não entro.

insetos




sêmen-tes

Há muito...
entidades inconclusas
desmancham lonjuras,
desfazem-se clandestinas
destinos cativos,
feridas abrem-se em meu peito


Na estética anil do firmamento
soa a hora do encanto com revoadas
de pássaros semi-invisíveis,
sonoridades de insetos animados,
copas de árvores, nuvens mutantes,
matas quase intactas e aviões sem canto


O sol enxerta-lhes fluxos nas vistas geladas
vez por outra, semeiam-se sêmen-tes
na terra da sobrevisão,
verdevivos, cena da criação.
No solo nasce a lama, gente também se ama.

série cenário urbano


de estupidez em estupidez

De estupidez em estupidez
com pedaços de mim mesmo,
com sede de sol resumido
de paraisos imperfeitos proscritos,
nos acalantos prados de se esvair,
vozes internas me dizem: E aí...taí?
Não atropela tanto a emoção!


Vozes me acompanham na depressão
buscamos sombras no vaguear da multidão
deixa tudo como se estinga o mundo
não ligamos a mínima em arrumar a vida
como desdita, entre o mal e o bem vindo.


sabemos ir sem nos abandonarmos, fugitivos fixos,
ser um e ser outro invisível, exceto quando nuvens
chuviscam sem ventos, tecendo brisas delicadas e nuas.
Aí - podemos nos perder.


Experimentamos um pouco de tudo,
pano de fundo, carmesins da alma,
ideias imemoriais das vozes do agora
inspirados - tangemos um anjo mudo
de asas duras.

série cenário urbano


abandonos clássicos

Dá-se um tempo para medos e abandonos clássicos
cabreiragem de isolamento & desassossegos diários,
(serenidade e desespero) mixam-se quando ficam debaixo às
sombras das almas, no escuro detrás das pálpebras

vem comigo num passo largo, num lapso para descartar o pouco
caso, ilusão a pino. Dobra-se a dose, dá-se um tempo mínimo
A lua dançou para nos seduzir e impressionar,
como a pétala não pose esconder sua cor

Surpresas se precipitam como tragédias de ponta, se insisto
no indistinto, tento improvisos ambíguos. Lábios orfãos se
apegam aos silêncios vivos. Sou do tamanho do que sinto.

Opero semelhanças: lagartos e musgos, pedregulhos e besouros,
nuvens e esculturas, espelhos e lagos, árvores imponente e edifícios,
mortes e dias cinzentos.
Ainda que a verdade nos escape, desaparecer não é para qualquer um.

paisagem urbana


8 de mai. de 2010

agora chora

tudo nasce meio quieto -
em vão, me sinto efêmero direto.
Exala o florescer e murchar da pele,
cai um pelo do alto-
pisa-se de sobressalto sobre a sombra bruta
e crua de um nu passado.

Céus mudam mudas ao léu
desembalam terras e secas
-parábola das semente-
para quem agora chora,
ressequido se sente
chuvas finas quase molham.

celulose sobre concretos


7 de mai. de 2010

abandono dentro de casa

Mau-olhado de berço ao nu... do rebento - come comigo o resto da comida entre os meus e os teus dentes, dá um pouco mais da tua fome -sacia o que agora me toma. Por hoje fico contigo contando arrepios, e a gente continua sem tino pros desatinos, farejando odores - ares clandestinos, trocando bê-a-bás por sons de peles vãs, com medo antes do futuro reconfiguro grosseiros furos & o desejo do pulso não adianta mais nada. Abandono dentro de casa.

cacos


lero-lero

Eu quero outro lero-lero the carnival is over. Mistério estrangeiro... atmosfera elétrica, eriçando pelos, eu só quero um som. Sob paladares de êxtases, apreciando aromas de noites iluminadas pela lua cheia.
beleza sutilmente sem limite, um do bom - um algo mais, stripers de adrenalinas, maledicências maneiras, delirando manhãs admiráveis, acordando na intimidade dos colos, arrebatam.
Quais sóis eclipsando invernos - borrando céus, soterrando sombras, jogando claridades na opacidade das visões abissais.
Definitivamente indefinido, atormentando a ordem discreta dos ninhos das feras, dos sonos das vespas em jardins de pedras.
Estações mudam. Ventos lufam, cidades raiam, paisagens narcóticas passam viradas. E a vida continua rara na via láctea. Eu quero outro lero-lero. O sublime pode estar aqui agora.

arquitetura vegetal


a realidade me tirou mais um pedaço

Hoje de manhã como todo dia
a realidade me tirou mais um pedaço.

Para tirar dúvida não tem coisa melhor
que entrar no rio e sair rio

Daqui do centro da cidade de antigamente
o negócio é benzer-se onipresentemente

ficção do são - visão de santo
olfato de cão - porção de joão.

Ando assim do mesmo jeito desde cedo, já faz tempo,
ando olhando mais de uma vez pra quem vai embora de repente,
ando mesmo parado jogando bem os pés pro alto,
ando mais sozinho do que acompanhado
por quem vai... só passando.

5 de mai. de 2010

boa noite

quando você leva um chapéu
enterra o dia com o sol
que logo pira por asfixia
debaixo do horizonte
e ofusca os olhos
que lhe dão boa noite

cenário urbano


Tô nem aí

Tô nem aí
preocupado
com essa tonelada
de lados que me colocam
quando fico por fora
querendo tomar
os meus pedaços

E eu
inteiro ainda intero

4 de mai. de 2010

cenário urbano




para ir um pouco mais

para ir
um pouco mais
caminho por entre atalhos
quem sabe, por aí valho

talvez algum dia possam
embacar nesta nau,
não eu
e levem embora pela água
nesta partida desigual do mar

por isso aos navegantes
deixo o risco,
transeunte, eu
vai pela rua que epelha
de muito úmida
minha cara seca que agora
com passos se espalha.

3 de mai. de 2010

duo ido

do ido dia
nada havia
de importante
a não ser de vez em quando
ter algo sentido
entre tantos não tidos

29 de abr. de 2010

li cor

li cor pra você beber, tomou tanto que repetiu a dose balbuciando o lido de cor

teia


foi num momento em que dissemos pouco, cortando frase já mortas e tentamos som, trocando nós por tons
saindo ai desnotando à toa por si

28 de abr. de 2010

zunidos

As pausas na primavera
não são inteiras sem os
zunidos das abelhas

imagens heteroanimadas

esse sangue que roda lento não liga quando abuso, vive quando vivo dando voltas no escuro, tomara que fique assim bem por dentro de mim, tomando conta de nós dois, três, quatro, cinco e seis.
Esse mundo que roda há tempo me liga quanto mais mudo, gira como vida embalando um segundo, tomara que fique assim - não sei - por hora em mim, levando umas e depois três, quatro, cinco e seis.

série teia


Todo dia um pouco

Todo dia um pouco, um pouco toda dia, um minuto agora falta... Pra nada. Madrugada chegando em casa atrasada, tem dias que nascem ao cair das tardes, tem noites se escondendo nos buracos das cidades, se você vai bem tanto faz, eu não sinto o mesmo! Que você – Rapaz, já faz tempo, estava pequeno, tinha comigo a mesma dezena de dedos...& só contava até três.

série sobre águas


Os olhos fecham

Os olhos fecham, o peito sente: escuro vivo solidão, escureço cedo, cresço e não floreço, chuva não veio, despacha o céu que racha.
Sobrevivo aos anos pares e ímpares, meus cenários selvagens cruzam oásis no clímax. Desmonto desejos em partes, prazer em pedaços se vai.
Viro o barco, furo o casco, derramo âncoras no mastro, tempo vago afaga a face do deserto que me traga.
Amanhã sem data - hoje passa nada vale, fico aonde quase vou, lamento morto, risco avesso torto, nuvem desenha linha suspensa no espaço.
Entrelaça cores as dores de alma, meus foras dos ares entre abandonos de caras e olhares, cruzo o meio do ato, com o fogo no mato mais um grilo cai, beijo a palma, apago a fala, escrevo pausas com palavras, fico a um passo, me atiro no alvo, leva o que me falta.

seríe sobre águas

mais música na zica do dia a dia

Mais música na zica do dia a dia, palavrão bem dito ao pé do ouvido, batuque elétrico toca euforia.
Um grito solto espanta o passado, som de murmúrio - barulho de mágoa.
Nada me prende a nada, (folha vazia). vento vem leve respira comigo, tudo é incerto onde dura a vida.
Gozo remoto liga o instinto, cidade alucina - pulsa lá e aqui, raia o que acho - olho pro lado - tento o alto, a conta do barato sou eu é quem pago.
Vivo um pouco - por um pouco nem existia, tempo vem breve - esquece meu dia, abalo mudo em coro dizia: mixa o mundo com pedaço de sonho, gosto de rumo - vagando se espalha.
Acesso a relva rara... Broto - quebro galho, sopra minha alma lapida nossa carne.

série sobre águas




Pô vida

Pô vida - dá um tempo, vou dar um giro tentar um passo, provar algo diferente, pode me esperar sentada.
Segura a onda ainda volto inteiro, de lá de mim... de fora.
Pô vida qual é a sua? Vou tocar teu verso, trocar de absurdo, fazer folia nos ares do medo, silencia a chuva: qual é teu segredo? Rio de trás pra frente. Por enquanto aguento arranjo jeito de gente feita...

série olhares, águas e objetos



alarmes falsos

Alarmes falsos sopram aos ouvidos... Detrás das máscaras se escondem sagrados segredos. Felicidade sem rosto se retira. Fenecem desalentos com suspiros perenes. Alegria descuidada.
Fantasmas correm comigo, sinto um corpo ido para o instinto, um gosto de absinto... Como uma alma doída e abissal. Um ex-extinto volta e diz adeus. Roubam sonhos sós e meus, minam sons de dós.
Mixa-se vida ao que se imita ─ e só se vai de ida, miséria exótica, face a face por mais fantasia,onde a poesia não rima e ri só pra si, ri da vida.

tatua a alma

Tatua a alma com dentes de anjos, desfaz as memórias das peles vis, tô de cá pra lá - daqui dali prali, estou no lugar do agora (agora) já devolvi seu ar de ontem, se o seu céu não deu já foi o seu tempo... Meu!

série sobre pingos e tempestades


como não?

Nem tão - nem tão tal, nem tão nada bem, nem tão nada mal, então? Vem zen aquém sem alguém, vem mais cru que o desconhecido além, se não tá bem nem vem - fica aí ido, doído.
Minhas sobras não me dão mais uma mão, sem saídas de ilusão, como se faz então! A circulação, o ir, o vir sem cair no vão. Então vou sem chão, sem ponto final, sem vírgula ou sem ponto de exclamação... como NãO!?

série sobre pingos e tempestades


Pólens, pólis, fabris

Pólens, pólis, fabris, desmoronam nos poréns daqui, pois és ex-mins imaginários, venho e vim.
Sacros explodem,Via crucis Crucis mobiles, com ou sem ninguém, se tem ou não tem? No tórax além dos sacrifixos, os restos vivos, peitam quem?

série sobre pingos e tempestades


Pó, poeira, estações

Pó, poeira, estações, livro-me de mim com distâncias e amnésias de solidão. Prosa cansada, deita na língua, cobre a saliva, cuspo assim mesmo no chão.
Asa nua, casa trauma, mora a saudade exília, num espaço gestual.
Verve extinta, galeria de ossos e rostos explícitos, espaço labiríntico...No deslize do tempo desigual, lugar de dar mais adeus que tchaus.

série self-céu


pequeno

teu rosto parece que quer estar em toda parte do meu corpo, fica até pequeno para entrar no fundo do olho

cinzeiros

espero o corpo chegar ao estéril,
díficil com este sol que me acorda todo dia,
uma parte do que sonho e deixa outra
atrás dos olhos quardando o resto da
madrugada que a manhã desfez

agora o relógio me toca mais uma vez
do quarto claro

e se houver cinzas são dos cigarros

vozes

Vozes me acompanham na depressão. Buscamos sombras no vaguear da multidão, deixamos tudo como se extinga o mundo, não ligamos a mínima em arrumar a vida, como desdita, entre o mal e o bem vindo.
sabemos ir sem nos abandonarmos, fugitivos fixos, ser um e ser outro invisível, exceto quando nuvens chuviscam sem ventos, tecendo brisas delicadas e nuas. Aí - podemos nos perder.
Experimentamos um pouco de tudo, pano de fundo, carmesins da alma, ideias imemoriais das vozes do agora, inspirados - tangemos um anjo mudo de asas duras.

nublados

Depois de matar nublados o sol se arremessa, ardem vistas, cerro as pálpebras: escureço, nublo.

série self-céu


às vezes vozes às vezes menos

às vezes vozes às vezes menos, às vezes sem sensos, às vezes os mesmos áridos extensos,vejo lábios entre palavras e silêncios negação dos nexos, ilógica dos sexos complexos cios
Do poema faz-se como o sussurrar das atrações. Princípio e fim das visões sobre folhas caindo, caídas...dias da minha vida.
Dias da minha noite, crepúsculo - adeus entardeceres mortais. O percurso da razão métrica da solidão solar.
Mas próximo às alvoradas, murmurejam misérias dos quases sem nada, semi-existências. Lágrimas e gotas de orvalhos caem desapercebidas nas escuridões das eras.

série cenário urbano


cá estamos

Cá estamos entre o engarrafamento de outsider e os meus desassossegos em dia com giros perdidos, rastreio chuvas com estrondos nos arredores dos ouvidose pelo aspecto diagramado das bocas-de-lobo espumando chafarizes. Trago-me esfumaçado entre mim e as outras marcas de mãos nos vidros, lá fora o temporal se anuncia.

série a lua é nossa


lua

Lua longe daqui revolta nossas marés passa tua fase negra deslumbrando horizontes, derruba brilhos ao meu vulto eclipsado beira rastros encobre meus passos passa comigo as quatro fases na sombra oculta da tua lonjura não me abandona jura, do espaço... à minha rua.

série reflexofluxo


O que é isso que pinta tão breve?

O que é isso que pinta tão breve? Vem pra cá ao meu lado alado, outra vez te revejo etérea por esta lonjura esfumada. Para onde quer que eu vá: há tanta cor...

série reflexofluxo


Divido o desejo em partes

Divido o desejo em partes (fica mais leve a carga) gozo remoto: reduz meus incômodos, procuro por uma das minhas intimidades.
Acordo, às vezes, mal no replay, passo ora em calçadas, ora em asfaltos sob o cheiro dos azuis petróleo que vêm juntos aos vapores suburbanos, entre sacadas e mancadas na cidade.
Como máquina de apagar realidades molho minhas idéias com gotas de claros, pupilas dilatam com desejos de horizontes, trago em meu perfil: visões de lagos.

série reflexofluxo


caos maneiro

Por vezes, cultivo manhãs de caos maneiro em períodos férteis de estações maduras, com paladares matreiros entressafo os descarregos dos cheiros nas vias que mais respiro.
Tento conservar existências, entre apagões e memórias frescas, na densidade das décadas. Cenários de surpresas me interessam (depende), inexisto ao lado da conservação da espécie, ao alcance das mãos, apalpo com a imaginação, nuvens de algodão -
Gosto da voz de alguns e nenhuns sons juntos, sussurros mudos, por entre paisagens sonoras das cidades - entranham-me ruídos de carros, cantos de esquina ao canto dos primeiros pássaros, sons dos prados orvalhados sob chuva às vezes me entediam - outras me encantam.
A equação da essência do sonhar e do não acordar sem dormir é uma arte - Quatro luas chegam e partem, passam seus ciclos solitárias sob religares siderais. Curto o zunido ofuscante das atmosferas inesquecíveis. E claro, o estrilar dos grilos. Nada mais.

26 de abr. de 2010

série pétalas


Arrumo a rima a pino

Arrumo a rima a pino de prima, cego e respiro o que mais exala iridescente. Sob o controle exótico das sintonias finas arvoram soluções para estados e estações (de então). Lábios boquiabertos sob efeitos dos cansaços da alma, exorcizam-se visões com perceptíveis doses de brilhos sob cerrações. Roubo das nuvens o branco.

o mar choveu

O mar choveu nenhuma nuvem apareceu.

série folhas secas


chove de baixo para cima

O pouso foi enfim em fins de tardes, do lago se espelham nuvens cinzas, chovia de baixo pra cima

pétalas



lagrimas salgadas

Lágrimas salgadas desabam à beira-mágoa, pupilas se encharcam, desencantos de quem transborda além da terra, além da pele,ressacam brejos aos sopapos.
Cintilam salivas, afogam línguas que seduz, conduz como garoas (que se jogam nuas do céu para os campos), sobem depois às nuvens no vácuo juntas aos vapores complacentes.
Comprimido ao dente gravita sob os rumos da mente, para além das trajetórias das ameaças das loucura retas, tento um olhar com semblante duma cobra erecta -blecautes nas pálpebras descerram olhares, o que seria se não caíssem lágrimas ?

série o tao do verde vegetal




via voice

Fumaças de cigarros, diambas e dos autos embaçam o meio que transito, sigo o rodopio do fumo como uma rota dos meus desenganos, tento invisibilidades, arquiteturas sulcadas, brumas intrincadas, matas fechadas.

Perda de alguém, miragens à prestação, concretos em vãos, luto vencido nos substitutos das soluções sem soluções. Fricção entre peles e ossos geram faíscas ao alcance das mãos. Um rosto recortado em uns sins e uns nãos nos propõem contradições. Mimesis nos espelhos das ilusões. Via voice no fundo do poço - pouca água - muita solidão.

série insignificância zoom


ausências e palpáveis

Por entre ausências e palpáveis: ladeiam às minhas retinas:esquecimentos fora de validade, olhares movediços fora do ar.

Por entre ausências e palpáveis das frequências de pico, sinto como quem vê com olhar de águia, ares de chuva molhando pedaços de securas, e a vida se leva mais dura em suas entranhas, atento cada qual a si, assim eu mesmo me vi cair.

O crepúsculo no êxtase é um semblante vivaz dos dias em noites de transmutação.Insisto em morar aqui dentro com pedaços de mim, velhos vermelhos carmins que é a cor do meu coração e a do vinho que trago.

O vento sopra lá fora, a foice do luar elegante, sugere urgências de contemplação e de ilusão, insights explícitos parecidos a olhares de girassóis entre ausências e palpáveis. Mas, no momento não estou.

série insignificância zoom


roçar das espumas

Assim como quem recita escritas de areia - com a tessitura do roçar das espumas à pele, apago velas com sopros anteriores (a elas), desvios reminiscências de outrora para agora - diluo décadas onde o espaço para e não repara,
Viro olhos & pescoço em vão, vou-me de corpo & alma, com uns trocos, uns graus a mais no rosto, fico na mão, um quasi-voo antes do repouso.

série insetos


Sopra em mim

Sopra em mim, me oriente e saberei a direção do vento que vem do teu poente, se chover não vá embora, te encontro ainda quente.

série insetos


Sem tino pros fenômenos dos desatinos

Sem tino pros fenômenos dos desatinos, postura de puro gesto desconexo e descontínuo - ecoa sonoridades pré-existenciais - de seguir destinos próprios. O sonho é ver as coisas invisíveis, se possível - as impossíveis.
Num ir enlouquecido, emudeço sob sombras de velhos passos, por meio de passados amanhecidos (tombam meus olhares ) passeios e fugas - às vezes são andares similare. O vento corre para todos os lados. Duram os tempos - tanto quanto duramos.

série lírios


clímax

Sintonizo pandemônios entre cerrações de retinas e miragens desidratadas, cruzo oásis no clímax delirante, nos foras dos ares eufóricos. Deserto-me quando rarefeito, areio.

série inseto

oi

palmas

Só queria que fosse simples de ir aonde soo, lá de fora não me ouço de antemão. Vivo onde a casa mora, do teto deixo goteiras baterem às minhas palmas.

série farpados




viola a sintaxe dos lábios

Língua viola a sintaxe dos lábios - se enrola loquaz, salivas molham, jorram verbos, desembesta a era asfixiante dos beijos solos. Palavras meigas, frases duras.
Idade da pele - idade do olho, nascimento ou extinção do velho e do novo, depende do brilho no olhar, do sentir de se estar com o coração no ar.

série farpados


retrato de um artista não tão jovem

Nascer direto do ancestral, sorver o elixir antes do último fôlego fugir -
À mercê disso,me ajuda a resistir a acidentes e fracassos - fascínios postiços, desleixos com o desejo de durar sobrevivem aos anos mais prolixos.

série insignificância zoom


náusea

Não se preocupe: a náusea já vem vindo, [incômodo escondido: víceras soltas fugindo]. Acorda seu primero sueño no grito. Felix culpa pra nós. Como diz Oswald de Andrade: “Alegria é a prova dos nove”. Aperta logo o cinto e corre.
Não se preocupe com balelas: monstros quixotescos, vidas sem aromas, enjoos demodées, vergonhas financeiras, porres fabris distúrbios serenos pouco comovem. -Náuseas são mais duráveis & contemporâneas .

série insignificância zoom


duráveis & contemporâneas .

aqui no lá

No aqui no lá - há algo mais que há. Pelo de luz roçando a escuridão, um halo deslavado desnudando a feição, um olhar enviesado como inclinação, bocas escancaradas pra devassidão - nada se viu assim não, há algo mais que há.
A vida que nasce a cada dia, a vida que morre a cada noite. Quem aqui ou acolá está ausente, transparente, perdido e indefinido...pode estar ciente de que: Pra quem não tem céu caça com chão.

série depois da chuva


asas batem

Asas batem... pairam no ar dois pássaros compõem promessas de ninho, cai uma folha sozinha.

série depois da chuva